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terça-feira, 26 de julho de 2011

Economia brasileira de monocultura e o modelo exportador do século XIX e meados do XX.

Quero iniciar um ciclo (uma série) de análise da economia brasileira começando por meados de 30 do século XIX até o período do governo Lula da Silva. A idéia é ressaltar a estrutura econômica de cada governo e/ou período e seus desdobramentos ao longo da história econômica do Brasil.
Sobre o período em questão, a economia brasileira se resumia a agroexportação, ou seja, a fonte de renda advinha do latifúndio estabelecido desde o século XVI. No século XIX havia produção de alguns poucos produtos primários, os quais eram exportados. Para se ter idéia da representativade do setor exportador, 70% do PIB era função dos produtos exportados.
É importante ressaltar que essa dependência do setor exportador era a causa da vulnerabilidade econômica da formação da estrutura econômica do Brasil, pois a exportação dependia da demanda externa pelo produto produzido internamente. Como as exportações estavam fora do controle do Brasil, o preço a variável chave; entretanto, esse era definido no mercado internacional: devido demanda internacional, renda internacional, mercado de trabalho internacional e, fugindo a regra, o modo de produção interna (única variável em que poderia haver intervenção – subsídios, produtividade, etc.). Esse modelo de dependência, segundo Maria da Conceição Tavares é o então conhecido “modelo voltado para fora”, ou seja, economia muito vulnerável ao cenário internacional ao longo do tempo, como fora o caso do café.
Para outros economistas, como o ex-ministro Delfim Neto, o problema do declínio do café se dá dentro de uma relação intertemporal de demanda e oferta. Para Delfim as oscilações é devido uma quantidade demanda (Qd = a – bPt) e a quantidade ofertada (Qs = c + dPt+4) – Qd e Qs: quantidade demandada e ofertada, Pt preço de demanda em t; Pt+4 preço de oferta em t + 4 anos; a e c são parâmetros autômonos e b e c coeficientes. A decisão de investir é feita hoje, mas a oferta se dará dentro de 4 anos, aumentando então o volume ofertado; entretanto se a demanda se mantiver estática haverá uma queda de preço, logo desincentivo a produção de café, mas ao se ajeitar a oferta volta a tendência a investir novamente. Contribui com a instabilidade da economia brasileira a característica do cafezal: 1) planta hoje e colhe dentro de 4 anos; 2) durante 20 e 30 anos continua a dá café, portanto reduzir a oferta é uma tarefa difícil e produto muito vulnerável a problemas edafoclimáticos (não produzir, problema de entressafra, etc.)
Outra visão do declínio do modelo de monocultura exportadora que fragiliza a situação econômica é a Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe): os preços relativos do café em relação aos produtos externos tendem a cair, portanto no longo prazo há uma tendência declinante da participação brasileira no mercado internacional. E a queda do preço relativo se dá porque o aumento da produção de café com redução de preço não implica num aumento de demanda pelo produto na mesma proporção. Ou seja, num determinado ponto diminuir preço não implica em aumentar demanda porque café tem um ponto de saciedade próximo.
Esse modelo macroeconômico em que assentava a economia brasileira desde sua descoberta se demonstrou falacioso e explicador de baixo crescimento, iniciando em Getúlio Vargas a reversão do modelo agrícola para o industrial (discussão será feita no período de 1930-1940)

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